terça-feira, 6 de março de 2012

Modernismo - (1922 – 1945)

CONTEXTO HISTÓRICO

Acontecimentos extraordinários, no campo científico-tecnológico, marcam o início do nosso século na Europa. O telégrafo, o telefone, o cinema, o automóvel, o avião são invenções que atestam o notável desenvolvimento tecnológico da época. Outras contribuições: Albert Einstein revoluciona o campo científico com a sua teoria da relatividade, Sigmund Freud contribui para o progresso dos estudos da psico-fisiologia mental, as idéias do suíço Ferdinand Saussure influenciam os estudos lingüísticos e fundam a Lingüística Estrutural Moderna. Entretanto, com a deflagração da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Europa passa a viver momentos de constantes sobressaltos, que geram a inquietude, niilismo, desequilíbrio, descrença em relação aos sistemas sociais, políticos e filosóficos; o homem passa a questionar os valores vigentes. A guerra lança sobre a humanidade a semente da incerteza, da descrença, da inquietude.
A arte não podia deixar de trair esse estado de perplexidade, de abalo interior. Surgem, então, formas de expressão diversas: o Dadaísmo (1918), o Futurismo (1909), o Expressionismo (1911), o Cubismo (1907), o Surrealismo (1924). Os grandes movimentos de vanguarda da Europa tiveram repercussão sobre a mentalidade de intelectuais brasileiros do início do século XX.

OS MOVIMENTOS DE VANGUARDA

Os diferentes movimentos artísticos surgidos na Europa no início do século XX são designados, de forma genérica, como Vanguardas Européias.

FUTURISMO - Caracteriza a época das negações e rebeldias, a rejeição violenta da tradição e da convenção. O escritor italiano Felipe Marinetti foi seu criador. Publicou o Manifesto Futurista.
Principais características: palavras em liberdade, emprego de verbos no infinitivo, supressão de adjetivos, construções diretas e inovadoras, liberdade absoluta de criação.

CUBISMO - Tem como principal característica a preponderância das formas geométricas nas artes plásticas. Os cubistas representavam objetos da realidade cotidiana como se fossem vistos sob diferentes ângulos ao mesmo tempo. Nas artes plásticas o principal defensor foi o pintor espanhol Pablo Picasso; na literatura, o francês Guillaume Apollinaire.

Principais características: a obra de arte se basta a si mesma, mistura do presente com o passado, supressão da lógica aparente, valorização do humor.

EXPRESSIONISMO -Surgiu como reação ao Impressionismo, corrente artística que se dispunha a captar a realidade com exatidão, com toda a sua dinamicidade. Foram seus precursores os pintores Munch e Vincent Van Gogh, os músicos Arnold Schönberg e Darius Milhaud. Seu maior sucesso foi na Alemanha.
Principais características: subjetivismo, manifestação do estado de espírito do artista, abandono ao mundo das aparências, valorização da imaginação e dos sonhos, o mundo interior expresso na obra de arte não atende à lógica do mundo exterior.

DADAÍSMO - Foi o mais radical e destruidor movimento de vanguarda. Definiu-se em Zurique, tendo como principal iniciador o escritor francês Tristan Tzara. Os dadaístas procuravam ridicularizar e destruir todos os dogmas em vigor na pintura, na música e na poesia. Consideravam a guerra loucura e perversidade dos homens.

Principais características: liberdade total de criação, abolição da lógica, "arte não é coisa séria", não há necessidade de se fazer uma arte compreensível por todos, bastando que ela seja entendida por um grupo de iniciados.

SURREALISMO - O adjetivo surrealista (com o sentido de superfantástico) foi empregado pela primeira vez por Apollinaire. Louis Aragón e André Breton tiveram papel decisivo no lançamento da estética surrealista. Salvador Dali foi o pintor surrealista mais conhecido. Principais características: valorização da imaginação, ilogismo, valorização do inconsciente, automatismo verbal e escrito, humor negro, modificação das estruturas da realidade através da realidade.


SEMANA DA ARTE MODERNA

Alguns acontecimentos precedem a Semana de Arte Moderna, evento que não ocorre subitamente. Escritores brasileiros trazem, de volta da Europa, notícias de uma literatura em crise. A divulgação das teorias vanguardistas, então em curso na Europa, marca uma brusca ruptura na história literária brasileira. Na década de 1910 a 1920, observa-se entre os intelectuais um anseio de renovação artística e cultural. O Brasil contagia-se com a inquietação dominante no mundo europeu, embora inicialmente isso se manifeste de modo tímido, em grupos isolados do Rio de Janeiro e São Paulo. Tristão de Ataíde (pseudônimo de Alceu Amoroso Lima) e Wilson Martins registram esse fato, ocorrido ao longo daqueles anos e caracterizado como "sincretismo". Em 1912, Oswald de Andrade, na Europa, toma conhecimento das idéias futuristas de Marinetti e as divulga em São Paulo. É a revista 'Orfeu', que assinala a Vanguarda Futurista em Portugal. Em 1915, Ronald de Carvalho participa da fundação dessa revista. Em 1913, dá-se a primeira mostra de arte não-acadêmica feita no Brasil. O autor das obras é o pintor Lasar Segall, artista russo radicado em nosso país. Segall, entretanto, não desencadeia transformações radicais na arte brasileira. Esse papel caberá a Anita Malfatti.

Sua exposição, inaugurada ao voltar dos Estados Unidos (12/12/1917), escandaliza o ambiente intelectual paulista e provoca diversos ataques, inclusive o de Monteiro Lobato. Aos quadros de Malfatti - em que se mesclam Expressionismo, Cubismo e Fauvismo (os fauvistas propõem uma arte rude, de cores cruas e composição despojada) - vêm juntar-se às esculturas de Vitor Brecheret. A partir de 1914, o termo futurismo começa a circular nos jornais do Brasil. Há entre os puristas uma grande polêmica gerada pelas inovações instaladas na literatura brasileira: verso livre, escrita automática, lirismo paródico, exploração criativa do folclore, da tradição oral e da linguagem coloquial.

Em 1917, Mário de Andrade faz sua estréia literária, sob o pseudônimo de Mário Sobral, com a publicação do livro 'Há uma gota de sangue em cada poema', seguido de 'Paulicéia Desvairada', marco expressivo da poesia modernista brasileira. Nesse mesmo ano, Menotti del Picchia publica o poema regionalista 'Juca Mulato' e Manuel Bandeira estréia com a obra 'A Cinza das Horas'. Em 1919, Manuel Bandeira lança a segunda obra, 'Carnaval'. Em novembro de 1921, Di Cavalcanti expõe 'Fantoches da Meia-Noite'. Durante o evento, Graça Aranha, que voltava da Europa, conhece o pintor. Surge, nessa ocasião, a idéia da realização da Semana de Arte Moderna.
Finalmente, em fevereiro de 1922, realiza-se em São Paulo a Semana de Arte Moderna. O objetivo dos organizadores era, acima de tudo, a destruição das velhas formas artísticas na literatura, música e artes plásticas. Paralelamente, procuravam apresentar e afirmar "os princípios da chamada arte moderna", ainda que eles mesmos estivessem confusos a respeito de seus projetos artísticos. Oswald de Andrade sintetizava o clima da época ao afirmar: "Não sabemos o que queremos. Mas sabemos o que não queremos". A proposição de uma semana implicava uma amostragem geral da prática modernista. Programaram-se conferências, recitais, exposições, leituras, etc. O Teatro Municipal de São Paulo foi alugado. Toda uma atmosfera de provocação se estabeleceu nos círculos letrados da capital paulista. Havia dois partidos: o dos futuristas e o dos passadistas. Desde a abertura da Semana, com a conferência equivocada de Graça Aranha, a emoção estética na Arte Moderna, até a leitura de trechos vanguardistas por Mário de Andrade, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e outros, o público se manifestava por apupos e aplausos fortes. Porém, o momento mais sensacional da Semana deu-se na segunda noite, quando Ronald de Carvalho leu um poema de Manuel Bandeira, o qual não comparecera ao teatro por motivos de saúde. O poema chamava-se 'Os Sapos' e era uma ironia violenta aos Parnasianos, que ainda dominavam o gosto do público. A reação se deu através de vaias, gritos, patadas. Mas, em sua iconoclastia, o poema delimitava o fim de uma época cultural.


PRINCIPAIS PARTICIPANTES:

LITERATURA - Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Graça Aranha, Ronald de Carvalho, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliett.

MÚSICA E ARTES PLÁSTICAS -Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Villa-Lobos, Guiomar Novaes.
                                                                                         
A IMPORTÂNCIA ESTÉTICA DA SEMANA

Se a Semana foi realizada por jovens inexperientes, sob o domínio de doutrinas européias mal-assimiladas, conforme acentuam alguns críticos, ela significou também o atestado de óbito da arte dominante. O academicismo plástico, o romantismo musical e o parnasianismo literário esboroam-se por inteiro. É possível que a Semana não tenha se convertido no fato mais importante da cultura brasileira, como queriam muitos de seus integrantes. Houve dentro dela, e no período que a sucedeu (1922-1930), certa destrutividade gratuita, certo cabotinismo, certa ironia superficial e enorme confusão ideológica. Mário de Andrade diria mais tarde que faltou aos modernistas de 22 um maior empenho social, uma maior impregnação "com a angústia do tempo". Com efeito, os autores que organizaram a Semana colocaram a "renovação estética" acima de outras preocupações importantes. De qualquer maneira, o espírito modernista destruiu um imobilismo cultural que entravava as criações mais revolucionárias e complexas, possibilitando um caminho livre à geração posterior. Apesar de todos os limites, a Semana de Arte Moderna deixou vários legados. Caberia a Mário de Andrade - verdadeiro líder e principal teórico do movimento - sintetizar a herança de 22:

- A estabilização de uma consciência criadora nacional, preocupada em expressar a realidade brasileira;
- A atualização intelectual com as vanguardas européias;
- O direito permanente de pesquisa e criação estética.

A DIVULGAÇÃO NO BRASIL - Os grupos Modernistas procuraram divulgar suas idéias por meio de revistas de vanguarda, em torno das quais se aglutinavam determinadas correntes. As principais foram:

KLAXON-MENSÁRIO DE ARTE MODERNA - Representou a primeira tentativa de organizar as idéias expressas pela Semana de Arte Moderna. Foi publicada em São Paulo de maio de 1922 a janeiro de 1923. Contrapôs o Futurismo (experimentação em velocidade na linguagem) e o primitivismo (próximo ao Surrealismo e ao Expressionismo, na busca do inconsciente).

MOVIMENTO PAU-BRASIL -Liderado por Oswald de Andrade e que propunha a redescoberta do Brasil, através de uma arte voltada para as características do país. O movimento é de natureza pictórica, folclórica, histórica, étnica, econômica, culinária e lingüística.

VERDE-AMARELISMO - Propunha que se abandonem as idéias européias na busca da verdadeira nacionalidade brasileira. Participam desse movimento Menotti Del Picchia, Plínio Salgado, Cassiano Ricardo, Raul Bopp e outros. Subdivide-se em Movimento da Anta e Movimento da Bandeira.

CORRENTE PRIMITIVISTA - Teve suas idéias expressas na revista de antropofagia. Foi liderado por Oswald de Andrade. Em seu 'Manifesto Antropófago', propunha que só a antropofagia nos une, no sentido de que as culturas estrangeiras fossem devoradas e recriadas segundo nossas tradições e costumes. "Tupi, or not tupi, that is the question" seria o grande dilema da realidade brasileira.

CORRENTE ESPIRITUALISTA - Tenta contestar a irreverência de outros grupos, através da defesa da tradição.

OUTRAS REVISTAS - 'Terra Roxa e Outras Terras', 'A Revista', 'Arco e Flecha', 'Verde', 'Maracajá' e 'Madrugada'.

CARACTERÍSTICAS

As principais características gerais do movimento modernista:
- Ânsia de Modernidade: rejeição do passado;
- Liberdade de criação artística;
- Sentimento nacionalista;
- Presença do cotidiano e do prosaico.

GERAÇÃO  (1922) (1937) -HERÓICA
Tem como princípios:
- negação do passado, caráter destrutivo;
- eleição do moderno como um valor em si mesmo;
- valorização do cotidiano;
- nacionalismo;
- redescoberta da realidade brasileira;
- desejo de liberdade no uso das estruturas da língua;
- predominância da poesia sobre a prosa.

PRINCIPAIS AUTORES:

Oswald de Andrade - Principais obras: romances: 'Memórias sentimentais de João Miramar' (1924); 'Serafim Ponte Grande' (1933); poesia: 'Pau-Brasil' e 'Cântico dos Cânticos'; teatro: 'O Rei da Vela' (1937); 'Marco Zero' (1943).

Características Pessoais: espírito irrequieto, agitador. Foi o primeiro articulador do modernismo.

Características Literárias: linguagem elíptica e rica em metáforas e neologismos; Capítulos curtos, fragmentados (técnica cinematográfica); Humor satírico (sátira à aristocracia cafeeira). Valorização do Brasil primitivo.

Mário de Andrade - Principais obras: poesia: 'Há uma Gota de Sangue em Cada Poema' (1917); 'Paulicéia Desvairada' (1922); 'Losango Cáqui' (1926); 'Clã do Jabuti' (1927); 'Remate dos Males' (l930); 'Lira Paulistana' (1947), ficção: 'Amar, Verbo Intransitivo' (1927); 'Macunaíma' (1928); 'Os Contos de Belazarte' (1934); 'Contos Novos' (1947), ensaios: 'A Escrava que não é Isaura' (l925); 'Aspecto da Literatura Brasileira' (l943); 'O Empalhador de Passarinho' (1944).

Características da Poesia: Primeiras obras com elementos modernizadores, Inovação estética, valorização da realidade de São Paulo, nacionalismo, indagação social.

Manuel Bandeira -,Principais obras da primeira fase - poesia entre parnasiana e simbolista: 'Cinza das Horas' e 'Carnaval'. Obras da segunda fase: 'O Ritmo Dissoluto'; 'Libertinagem'; 'Estrela da Manhã'; 'Belo Belo'; 'Lira dos Cinqüent'anos'.

Características Pessoais: Poesia intimista, tom confidencial, linguagem coloquial, simplicidade, temas prosaicos e cotidianos, ironia, melancolia e bom humor.

Raul Bopp - Principais obras: 'Cobra Norato' - trata-se de uma narrativa fantástica. Depois de estrangular a Cobra Norato e enfiar-se em sua pele, o herói percorre a selva amazônica na busca obsessiva da filha da rainha Luzia, deslumbrando-se a cada instante com um mundo mágico primitivo, os seres do rio e da floresta. Depois de vencer muitos obstáculos, encontra a noiva e rouba-a da cobra grande. Final feliz.

Características: Linguagem coloquial, amorosa, rica em diminutivos; obra primitivista na linha da antropofagia; Há um tempo lírico e dramático, a presença de mitos, lendas, e cores locais dão ao poema o cunho de rapsódia amazônica.

Cassiano Ricardo - Principal obra: 'Martim Cererê' (poesias); 'Poesia "Verde-Amarela" '
Plínio Salgado - Principal obra: 'O Estrangeiro' - romance ideológico de técnicas vanguardistas.

Antônio de Alcântara Machado - Principal obra: 'Brás, Bexiga e Barra Funda' livro de contos de realismo irônico e sentimental e valorização do imigrante italiano. Estilo Modernista.

2ª GERAÇÃO  (1930) - CONSOLIDAÇÃO
Tem como princípios:- estabilização das conquistas;
- diminuição dos exageros e radicalismos;
- ampliação da temática, deixando de usar apenas o particular e  tendendo para o universal;
- regionalismo (preferência pelo romance);
- equilíbrio quanto ao uso do material lingüístico.

A segunda fase do Modernismo brasileiro (1930-1945), mais conhecida como geração de 30, é menos demolidora que a fase anterior, marcando-se pelo espírito construtivo e pela estabilização das conquistas anteriores.




AUTORES PRINCIPAIS DA PROSA:

Absorvidas as inovações estéticas propostas pela Geração de 22, a literatura brasileira se volta para os temas sociais. Escritores em sua maioria radicados no Nordeste se sensibilizaram e mesmo se revoltaram com o desequilíbrio sócio-econômico: de um lado, a aristocracia rural, os grandes fazendeiros; de outro lado, milhões de camponeses desvalidos e marginalizados; nas cidades, a mesma injustiça - os ricos e os pobres. A narrativa de 30 exprime esses contrastes, examinando-os com objetividade e senso crítico. O primeiro romance da geração de 30 é 'A Bagaceira', de José Américo de Almeida.

CRONOLOGIA DE ALGUNS ROMANCES - (ver também cronologia geral):
1928 - 'A Bagaceira', de José Américo de Almeida.
1930 - 'O Quinze', de Rachel de Queiroz.
1932 - 'Menino de Engenho', de José Lins do Rego; 'O País do Carnaval', de Jorge Amado.
1933 – 'Caetés', de Graciliano Ramos; 'Clarissa', de Érico Veríssimo; 'Os corumbás', de Amando Fontes; 'Cacau', de Jorge Amado.
1934 – 'Bangüê', de José Lins do Rego; 'São Bernardo', de Graciliano Ramos.
1935 – 'Jubiabá', de Jorge Amado; 'Música ao Longe', de Érico Veríssimo; 'Os Ratos', de Dyonélio Machado.

JOSÉ LINS DO REGO - A obra de José Lins do Rego divide-se em três blocos temáticos:
Ciclo da cana-de-açúcar - 'Menino de Engenho' (1932), 'Doidinho' (1933), 'Bangüê' (1934), 'O Moleque Ricardo' (1935), 'Usina' (1936), 'Fogo Morto' (1943).

Ciclo do cangaço e misticismo - Pedra Bonita (1938), 'Cangaceiros' (1953).
 
Temas diversos - 'Pureza' (1937), 'Riacho Doce' (1939), 'Eurídice' (1947).

Características do autor: predominância da narrativa memorialista, linguagem marcada por forte oralidade, presença marcante do cenário (engenho Santa Rosa).

GRACILIANO RAMOS -A obra de Graciliano Ramos está traduzida para mais de dez idiomas e alguns de seus relatos já mereceram visão cinematográfica. Principais obras: 'Caetés' (1933), 'São Bernardo' (1934), 'Angústia' (1936), 'Vidas Secas' (1938), 'Infância' (1945), 'Insônia' (1947-contos), 'Memórias do Cárcere' (1953).

RACHEL DE QUEIROZ - Principais obras: 'O Quinze' (1930), 'João Miguel' (1932), 'Caminho de Pedras' (1937), 'As Três Marias' (1939).

Características: narrativas bem sintonizadas com o espírito de 30. Nas obras de Rachel de Queiroz a valorização do universo regional, a linguagem precisa e objetiva e a ideologia paternalista que acompanha a pré-consciência do subdesenvolvimento, marcam-lhe os textos, dos quais o mais conhecido continua sendo 'O Quinze'.

ÉRICO VERÍSSIMO- É o maior romancista gaúcho, Érico Veríssimo é um dos mais populares escritores brasileiros.

Primeira fase: predominam romances urbanos: 'Clarissa' (1933), 'Caminhos Cruzados' (1935), 'Música ao Longe' (1935), 'Um Lugar ao Sol' (1936), 'Olhai os Lírios do Campo' (1938), 'Saga' (1940), 'O Resto é Silêncio' (1942).

Segunda fase: 'O Tempo e o Vento' (1949-1962), 'Noite' (1954), 'O Senhor Embaixador' (1965), 'O Prisioneiro' (1967), 'Incidente em Antares' (1971), 'Solo de Clarineta' (Memórias - 1973).

Com exceção de 'Saga', cuja ação ocorre, em grande parte, na Espanha, durante a Revolução de 1936, os outros romances são ambientados em Porto Alegre.

DIONÉLIO MACHADO - Principais obras: 'Um Pobre Homem', 'Os Ratos', 'O Louco do Cati'.
CYRO MARTINS
Principais obras: 'Campo Fora' (contos), 'Trilogia do Gaúcho a Pé' ('Sem Rumo', 'Porteira Fechada', 'Estrada Nova').

AMANDO FONTES - 'Os Corumbás' - a história de uma família camponesa proletária que vive em Aracaju.
JOÃO ALPHONSUS - 'Totônio Pacheco' - a desarticulação de um velho "coronel" no mundo urbano.
CIRO DOS ANJOS - 'O Amanuense Belmiro' - a solidão e a perda de um lírico burocrata, descendente falido da oligarquia mineira.
MARQUES REBELO
'O Espelho Partido' - romance cíclico sobre os costumes do Rio de Janeiro.

AUTORES PRINCIPAIS DA POESIA
Em linhas gerais:
- a poesia, a partir de 1930, apresenta crescente amadurecimento; abandona o espírito combativo e irreverente da década anterior e passa a caracterizar-se pelo espírito construtivo;
- a linguagem é mais comunicativa e pessoal, sem desprezo da liberdade formal dos primeiros tempos do modernismo;
- a temática é variada: temas sociais, religiosos, amorosos, espiritualistas caracterizam a poesia moderna da segunda fase.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - Principais obras: 'Alguma Poesia' (obra de estréia - 1930), 'Brejo das Almas', 'Sentimento do Mundo', 'A Rosa do Povo', 'Claro Enigma', 'Fazendeiro do Ar', 'Lição de Coisas'.
Características: Nos primeiros livros, Drummond revela-se um poeta modernista pela presença de temas cotidianos, pela linguagem depurada (ausência do pitoresco), pelo humor (apesar do pessimismo e do desencanto). No entanto, não se percebem nele os exageros, a falta de racionalidade, o deboche, enfim, uma acentuada agressividade de outros poetas da época. Posteriormente, em livros como 'Sentimento do Mundo' e 'A Rosa do Povo', o poeta evolui para uma atitude participativa, uma poesia de solidariedade, provocada pelos sofrimentos causados pela guerra. Podemos considerar como características marcantes e quase permanentes do poeta: linguagem depurada, precisa; afetividade intensa, disfarçada pelo humor e ironia; sentimento de solidão, desencanto e pessimismo; temas prosaicos e cotidianos; poesia voltada para indagações filosóficas.

CECÍLIA MEIRELES - Principais obras: 'A Viagem', 'Vaga Música', 'Mar Absoluto', 'Doze Noturnos de Holanda', 'Romanceiro da Inconfidência' (narrativa histórica em versos).

Características: Virtuosismo verbal, musicalidade, preferência por versos curtos, delicadeza e espiritualidade. A obra de Cecília Meireles possui uma melancolia que se manifesta na preferência por temas como solidão, fugacidade do tempo, resignação diante da falta de sentido da vida. Abstração, atmosfera de sonho e tom intimista.

MÁRIO QUINTANA - Principais obras: 'A Rua dos Cataventos', 'Canções', 'Sapato Florido', 'Espelho Mágico', 'O aprendiz de Feiticeiro', 'Do Caderno H', 'Apontamentos de História Sobrenatural', 'A vaca e o Hipógrifo'. Em 'A Rua dos Cataventos', o autor adota o soneto, inovado pela linguagem coloquial.
Temas variados: solidão, melancolia, as ruas de Porto Alegre. Em 'Espelho Mágico' temos quadrinhas bem-humoradas sobre temas filosóficos. Em 'Sapato Florido' e, 'Do Caderno H', poemas curtos em prosa, versando fatos do cotidiano, com o bom-humor permanente de Mário Quintana. Outras experiências poéticas surgem em 'O Aprendiz de Feiticeiro'.

VINÍCIUS DE MORAES - Principais obras: 'Novos Poemas' (1938), 'Cinco Elegias' (1943), 'Poemas, Sonetos e Baladas' (1946). Vinícius de Moraes foi famoso por seus belíssimos sonetos.
Temas e características: o amor sensual e místico, o cotidiano e a denúncia social.

JORGE DE LIMA - Principais obras: 'Invenção de Orfeu', 'Essa Negra Fulô'. Características e temas: a vida nordestina, a cultura negra, a religiosidade.

MURILO MENDES - 3Principal obra: 'Contemplação de Ouro Preto'.

Temas características: o "brasileiro modernista", a religiosidade metafísica.

Bibliografia

Literatura Universal – LOGON – Editora Multimídia

Pré-Modernismo - 1902-1922


Convencionou-se chamar de Pré-Modernismo o período que vai de 1902, ano da publicação do livro 'Canaã', de Graça Aranha, até 1922, ano da Semana de Arte Moderna.
Durante esse período, coexistem em nossa literatura duas tendências básicas: A tendência conservadora, marcada pelas produções poéticas Parnasianas e Simbolistas e pela prosa tradicionalista de Rui Barbosa, Coelho Neto, Joaquim Nabuco, entre outros; e a inovadora, caracterizada pela incorporação de aspectos da realidade brasileira ao conteúdo das obras literárias. Destacam-se por utilizarem essa temática Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e Graça Aranha.

CONTEXTO HISTÓRICO

No período Pré-modernista identificamos a existência de grupos e classes sociais com interesses bastante conflitantes: num extremo, estavam situados os proprietários rurais de São Paulo e Minas Gerais, representantes de idéias extremamente conservadoras e também saudosistas. Em outro extremo os operários, influenciados por idéias revolucionárias e anarquistas, assumiam atitudes de franca oposição às elites. Entre ambos se situava a burguesia industrial emergente em São Paulo e no Rio de Janeiro, que se mostrava receptiva às idéias reformistas, além de profissionais liberais e setores do exército, francamente favoráveis às mudanças e às intervenções das correntes européias. Neste período ocorreram eventos importantes no país e a ocorrência de agitações populares, como a de Canudos, narrada por Euclides da Cunha na terceira parte de seu livro 'Os Sertões'.
Todas essas agitações contribuíram para os questionamentos manifestados na Semana de Arte Moderna de 1922.
CARACTERÍSTICAS

Embora os representantes do Pré-Modernismo apresentem traços individuais e estilos próprios, há neles alguns pontos em comum:

- as obras apresentam uma ruptura com o passado, com o academismo e com os modelos preestabelecidos. As obras são inovadoras;

- algumas obras são regionalistas;

- verifica-se a presença de alguns tipos humanos marginalizados pela elite: o sertanejo nordestino, o mulato, o caipira;

- o sertão nordestino, os caboclos do interior, dos subúrbios , enfim, a realidade brasileira não-oficial surge como tema de inúmeras obras do período.

AUTORES PRÉ-MODERNISTAS

EUCLIDES DA CUNHA - Órfão aos três anos, é criado por suas tias. Matricula-se na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Cursa a escola Superior de Guerra. Após uma interrupção, forma-se engenheiro. Mais tarde Euclides da Cunha se torna colaborador do jornal Estado de São Paulo, que o envia, em 1897, a Canudos (Bahia) como correspondente; fornece ao jornal as informações sobre a rebelião que já eclodira.

Principais obras: 'Os Sertões' (1902); 'Peru versus Bolívia' (1907); 'Contrastes e Confrontos' (1907), 'À Margem da História' (1909).

A obra mais importante de Euclides da Cunha é 'Os Sertões', porém não é ficcional. O autor deu a ela um caráter sociológico. O núcleo da obra é a campanha de Canudos movida pelas forças republicanas contra os jagunços liderados pelo fanático Antônio Conselheiro. Sua obra está totalmente dentro dos princípios científicos do final do século IX, o determinismo, que pode ser esquematizada assim: 

- Determinismo Geográfico - o homem como produto do meio natural, o papel preponderante do clima na formação do meio, a impossibilidade civilizatória em zonas tórridas, como o sertão;

- Determinismo Racial - os cruzamentos raciais enfraquecem a espécie, a miscigenação conduz os homens à bestialidade e a toda a espécie de impulsos criminosos, o sertanejo é o caso típico de hibridismo racial;

- Determinismo Histórico - uma cultura, como a sertaneja, que por ausência de contato não reproduz o 'progresso' e as revoluções tecnológicas, operadas nos países centrais, permanecerá historicamente atrasada, tendendo a 'anomalias', a exemplo de Canudos.

Dentro do esquema determinista e positivista, a obra se divide em três partes, delimitadas a rigor: "A terra" - "O homem" - "A luta". Na primeira parte, temos a visão cientificista do Naturalismo: o meio geográfico opressor, com sua vegetação pobre, o chão calcinado, a imobilidade e repetição da paisagem árida. Na segunda, a questão racial avulta, interpenetrando-se com as influências mesológicas. Apresenta o negro, o branco e o mulato, além de Antônio Conselheiro, o messias fanático. Há a descrição física e psicológica do sertanejo, seus costumes, seu misticismo. A terceira parte da obra expõe com rigor jornalístico as investidas do exército contra Canudos. O ataque e vitória das forças do governo, o massacre e o fanatismo religioso. 'Os Sertões' é uma mescla de romance e ensaio científico, relato histórico e reportagem jornalística, o que torna impossível enquadrá-lo nos limites de um gênero literário. Trata-se de uma obra de exceção. Esta "epopéia às avessas" distingue-se do mero documento com veleidades científicas pela presença e uso intencional da linguagem artística. O estilo é trabalhado, pomposo, enfático, cheio de antíteses e comparações. É mais retórico nas passagens "científicas" e mais simples nas outras partes.

GRAÇA ARANHA - Diplomata, ensaísta, romancista e crítico brasileiro, Graça Aranha formou-se em Direito. Distinguiu-se como delegado do Brasil no Congresso Pan-Americano. Em missões diplomáticas, conviveu com Joaquim Nabuco, cuja amizade, aliada à publicação de um excerto do romance 'Canaã', valeu-lhe a eleição precoce para a Academia Brasileira de Letras, recém fundada. Graça Aranha participou da Semana de Arte Moderna, fato que motivou seu desligamento da Academia Brasileira de Letras.

Principais obras: 'Canaã' (1902); 'A Estética da Vida' (1921). A sua principal obra, 'Canaã', se trata de um romance de tese, onde o autor focaliza uma comunidade de imigrantes alemães do Espírito Santo, discutindo a atitude do imigrante. Dois jovens alemães debatem permanentemente: Milkau prefere a integração, a harmonia, o amor; Lentz pretende a dominação dos povos mestiços pelos arianos, portanto a lei do mais forte. O romance é bastante denso, repleto de cenas de violência e dramaticidade, com uma linguagem por vezes impressionista.

LIMA BARRETO - Aos seis anos fica órfão de mãe. Faz o curso secundário e ingressa na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, em 1897. Abandona o curso e vai trabalhar no Expediente da Secretaria da Guerra, para sustentar a família. Trabalha depois como jornalista no Correio da Manhã. Lima Barreto leva vida atribulada e entrega-se à boêmia, em virtude da loucura do pai e do seu complexo de cor. Esses problemas pessoais Lima Barreto transfere para seus livros. Daí o caráter autobiográfico de seus personagens.
Principais obras: 'Recordações do Escrivão Isaías Caminha' (1909); 'Triste Fim de Policarpo Quaresma' (1911); 'Numa e Ninfa' (1915); 'Vida e Morte de M. J. Gonzaga de Sá' (1919); 'Os Bruzundangas' (1923); 'Clara dos Anjos' (1924) e 'O Cemitério dos Vivos' (1957).

Características do autor: linguagem crônica, às vezes um tanto displicente; presença permanente da paisagem suburbana do Rio de Janeiro; presença emocional do autor, traduzida pela denúncia do preconceito racial, da opressão da gente simples do povo e a fixação da inconsistência moral dos poderosos.

MONTEIRO LOBATO - Nasceu em Taubaté. Formado em Direito, exerceu brevemente a profissão. Além disso foi fazendeiro, editor, adido comercial nos Estados Unidos. A sua luta pelo petróleo valeu-lhe a prisão e o exílio.

Principais Obras: A obra completa de Monteiro Lobato está organizada em duas séries:
- 1ª série - literatura em geral, em 13 volumes: 'Urupês', 'Cidades Mortas', 'Negrinha', 'Idéias de Jeca Tatu', 'O Escândalo do Petróleo', 'Ferro', entre outros;

- 2ª série - literatura infantil, em 17 volumes: 'Reinações de Narizinho', 'Emília no País da Gramática', 'Aritmética da Emília', 'O Poço do Visconde', 'Geografia de Dona Benta' e outros

Características do autor: atitude política progressista e atitude literária conservadora ("Paranóia ou Mistificação?"); preferência pelo conto, ambientados no interior paulista; denúncia social, principalmente nos livros 'Urupês' e 'Cidades Mortas'; presença de forte sentimentalidade; cenas macabras; ironia; o tema predominante é a decadência da zona rural paulista, o atraso e o abandono da população interiorana.

AUGUSTO DOS ANJOS - Filho de advogado paraibano, seguiu a mesma carreira do pai, formando-se em Direito. Mas jamais exerceu a profissão, tornando-se professor de língua portuguesa. Morreu muito jovem atacado de pneumonia.

Principal obra: 'Eu'. Augusto dos Anjos é um caso à parte na poesia brasileira. Autor de grande sucesso popular, foi ignorado pela crítica, que o julgou mórbido e vulgar. Possui tendências Parnasianas e Simbolistas. Esse autor pode ser considerado o verdadeiro Pré-Modernista pois ele soube antecipar uma série de procedimentos que as vanguardas sacramentariam em 22: a linguagem corrosiva, o coloquialismo e a incorporação à literatura de todas as 'sujeiras' da vida.

Características do autor: temática científica e filosofante; linguagem científica tomada ao Evolucionismo; pessimismo; angústia moral; revolta; presença constante dos temas morte, doença, dor, cães e o próprio mundo vegetal.

SIMÕES LOPES NETO - Descendente de estancieiros, nasceu em Pelotas e passou a infância no campo. Com treze anos vai para o Rio de Janeiro, estudando no Colégio Abílio. Mais tarde, entra para a Escola de Medicina, abandonando-a no 3º ano e voltando a Pelotas. Ali, dedica-se a uma série de negócios malogrados. Atraído pelo jornalismo, colaborou com periódicos de sua cidade. Morreu em Pelotas em total obscuridade literária.

Principais obras: 'Cancioneiro Guasca' (1910); 'Contos Gauchescos' (1912); 'Lendas do Sul' (1913); 'Casos do Romualdo' (1952). Simões Lopes Neto se caracteriza pela linguagem regional, marcada pela oralidade, não apenas no diálogo, mas também na narração, graças ao artifício de criar um narrador fictício, o velho gaúcho Blau Nunes, que toma a palavra e conta as histórias. Em alguns momentos em 'Lendas do Sul' a linguagem se torna solene. A linguagem é viva e cheia de dialetismos, o que, em parte, dificulta a leitura. O linguajar gauchesco é reproduzido pelo escritor, não se tornando pitoresco. O interesse pelo documento leva Simões Lopes Neto a elaborar uma coletânea de poesias populares: 'Cancioneiro Guasca', e também à copilação da mitologia rio-grandense, 'Lendas do Sul', em que Boitatá, a Salamanca do Jarau e o Negrinho do Pastoreio são revividos pelo estilo oral do narrador pelotense.

Bibliografia

Literatura Universal – LOGON – Editora Multimídia

Colocação Pronominal

Em relação ao verbo os pronomes oblíquos átonos (me, nos, te, vos, o, a, os, as, lhe, lhes, se) podem aparecer em três posições distintas:

Antes do verbo – PRÓCLISE;
No meio do verbo – MESÓCLISE;
Depois do verbo – ÊNCLISE.

PRÓCLISE

Esse tipo de colocação pronominal é utilizada quando há palavras que atraiam o pronome para antes do verbo. Tais palavras são:

- Advérbio

Exemplo: Não me arrependo de nada. /  Hoje lhe contaram vários segredos
      Advérbio                    Advérbio

Pronomes

Relativos -  Exemplo: Saio com pessoas que me agradam.

Indefinidos  - Exemplo: Ninguém me deu apoio.

Demonstrativo - Exemplo: Isso me deixou irritado.
Aquilo me arrepios.

Conjunções subordinativas - Exemplo: Embora me interesse pelo carro, não posso comprá-lo.

Frases interrogativas - Exemplo: Como se faz isso?
Quem lhe deu o caderno?

Frases exclamativas  - Exemplo: Isso me deixou feliz!

Frases optativas - Exemplo: Deus o ilumine.

Existem casos que se pode utilizar tanto a próclise como a ênclise:

- Pronomes pessoais do caso reto. Se houver palavra atrativa, usa-se a próclise.

Exemplos: Ele lhe entregou a carta.
     Ele entregou-lhe a carta.

- Com infinitivo não flexionado precedido de palavra negativa ou preposição.

Exemplo: Vim para te ajudar.
    Vim para ajudar-te.

MESÓCLISE - Essa colocação pronominal é usada apenas com verbos no futuro do presente ou futuro do pretérito, desde que não haja uma palavra que exija a próclise.

Contar-te-ei um grande segredo. (futuro do presente)

Jamais te contarei um grande segredo.
Palavra atrativa
Observação: nunca ocorrerá a ênclise quando a oração estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito.

ÊNCLISE - Sempre ocorre ênclise nos casos abaixo:

- A oração é iniciada por verbo, desde que não esteja no futuro.

Exemplo: Informei-o sobre o resultado do vestibular.
     Esperava-se mais desse computador.

- Com o verbo no imperativo afirmativo.

 Exemplo: Levanta-te .

- Orações reduzidas de infinitivo.

Exemplo: Espero contar-lhe tudo.

ALTERAÇÕES SOFRIDAS PELOS PRONOMES O, A, OS, AS QUANDO COLOCADOS EM ÊNCLISE

Dependendo da terminação verbal os pronomes O, A, OS, AS, podem sofrer alterações em sua forma. Veja:

- Quando o verbo terminar em vogal, os pronomes não sofrem alterações.

Exemplo: Ouvindo-o
     Partindo-o

- Se o verbo terminar em R, S, ou Z, perde essas consoantes e os pronomes assumem a forma LO, LA, LOS, LAS.

Exemplo: Compôs » compô-lo.
                Perder » perde-lo.

- Se o verbo terminar em som nasal (am, em, -ão), os pronomes assumem a forma NO, NA, NOS, NAS.

Exemplo: Praticam » praticam-nas.
    Dispõe » dispõe-nos.

COLOCAÇÃO PRONOMINAL NAS LOCUÇÕES VERBAIS

Podem ocorrer as seguintes colocações pronominais:

1 – VERBO AUXILIAR + INFINITIVO OU GERÚNDIO

- depois do verbo auxiliar, se não houver justificativa para o uso da próclise.

Exemplo: Devo-lhe entregar a carta.
    Vou-me arrastando pelos becos escuros.

- depois do infinitivo ou gerúndio.

Exemplo: Devo entregar-lhe a carta.
    Vou arrastando-me­ pelos becos escuros.


Se houver alguma palavra que justifique a próclise, o pronome poderá ser colocado:

Antes do verbo auxiliar;
Depois do infinitivo ou gerúndio.

- antes do verbo auxiliar

Exemplo: Não se deve jogar comida fora.
    Não me vou arrastando pelos becos escuros.

- depois do infinitivo ou gerúndio.

Exemplo: Não devo calar-me.
    Não vou arrastando-me pelos becos escuros.

VERBO AUXILIAR + PARTICÍPIO

Se não houver palavras que justifique o uso da próclise, o pronome ficará depois do verbo auxiliar. Caso a locução verbal não inicie a oração, pode-se colocar o pronome oblíquo em duas posições: antes do verbo auxiliar ou entre os dois verbos. Não se coloca o pronome oblíquo após o particípio.

Exemplo: Haviam-me ofertado um alto cargo executivo.
    Não me haviam ofertado nada de bom.